Publicado em: sexta-feira, 03 de novembro de 2023

O Brasil é um país com dimensões continentais, com uma grande variedade de clima, solo, vegetação e vida animal, característica de cada região. O Norte do país é uma região caracterizada por um clima bastante chuvoso, com alta umidade relativa e quente, com uma temperatura média acima de 25⁰C, com baixa variação térmica e pluviosidade podendo chegar até a 3.000mm anuais.

Na década de 1990, foi observado que na região Norte do país e em algumas áreas do Centro-Oeste, em áreas de solos de média a alta fertilidade, argilosos, planos e com problema de má-drenagem, as pastagens de braquiarão começaram a apresentar sintomas de doenças que levavam a morte das plantas das pastagens e sua consequente degradação. Os sintomas mais comuns eram as manchas amareladas ou clara nas folhas, enfraquecimento das plantas, raízes curtas, com má formação ou apodrecidas, morte das touceiras em reboleiras e presença de fungos e microrganismos. Esse problema é chamado de morte súbita da braquiária.

Devido à alta presença de umidade no solo decorrente da alta pluviosidade da região somada aos solos argilosos com dificuldade de drenagem, ocorre o alagamento do solo reduzindo a presença de oxigênio nas raízes de brizantão. Como o brizantão não é uma cultivar adaptada a solos de má-drenagem, as suas raízes sofrem um processo de deterioração e as plantas ficam susceptíveis ao ataque de diversos fungos do solo. Com a evolução do problema a consequência é a degradação da pastagem, com uma baixa população de plantas por metro e consequente aumento de plantas invasoras na área.

A solução encontrada para a morte súbita das braquiárias foi a substituição do brizantão nas áreas onde o problema ocorre, por espécies e cultivares com boa adaptação a essa condição de solo e umidade. Através de diversos trabalhos realizados pelos institutos de pesquisa, concluiu-se que as pastagens de Panicum no geral, MG5 e dictyoneura, apresentaram os melhores resultados de persistência a solos mal drenados quando comparados ao Marandú, Piatã e Ruziziensis. Portanto, é muito comum o uso dessas pastagens no Norte do país, e principalmente nas áreas que possuem histórico da morte súbita do Braquiarão.

Mais recentemente, tornou-se comum o consórcio dessas três espécies em uma mesma área de pastagem. Isso porque em uma pastagem bem manejada e em sistema de pasto rotacionado, há um incremento de produção de forragem, melhor aproveitamento da área e uma melhor cobertura e proteção do solo. Quando implantada uma pastagem de MG12 Paredão consorciada com MG5 e Dictyoneura, o resultado é a formação de um pasto com um gradiente de qualidade mais uniforme, mesmo com a variação da altura das plantas. Quando os bois começam o pastejo, inicialmente eles irão se alimentar das folhas do MG12 Paredão, que é uma planta mais alta. Conforme o porte das plantas forem baixando, começa um segundo estágio onde os animais vão também se alimentar das folhas da MG5 que possuem um porte menor, até que os animais mudem de pasto do rotacionado. As plantas de Dictyoneura nesse sistema promovem uma boa cobertura do solo, ciclagem de nutrientes e melhor aeração das raízes das plantas.

Para implantação dessa pastagem consorciada utiliza-se a proporção de 50% de MG12 Paredão, 40% de MG5 e 10% de Dictyoneura, da quantidade de sementes utilizadas. Porém, diferente do Mix Cerradão onde as sementes possuem tamanhos e pesos semelhantes, nesse consórcio de Paredão com MG5 e Dictyoneura a diferença entre elas é bem expressiva. Para evitar que as sementes segreguem dentro da semeadeira e haja uma distribuição e formação desuniforme da pastagem, a recomendação é a semeadura em pequenas quantidades de sementes (um saco) por vez.

Escrito por:
Eng. Agr. Ronaldo Villa

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