empresariais
A implantação do sistema deve coincidir com o período de maior disponibilidade de forragens, a estação das águas.
por Suellen Sufen Jornalista, MTB 39 943 | set 15, 2020A
estação de monta, é uma prática da criação de bovinos onde as fêmeas em
reprodução são expostas ao touro ou à inseminação artificial durante um
determinado período do ano, com o objetivo de concentrar os partos. A EM
possibilita a identificação de fêmeas de melhor desempenho reprodutivo, sendo
que as vacas que parem no início da estação de partos normalmente ficam gestantes
mais cedo, além de desmamarem bezerros mais pesados.
Julliano
Pompei é médico veterinário, mestre em Produção e Nutrição Animal, e
coordenador técnico do Grupo Matsuda, ele ressaltou a importância de planejar este
momento. “Estamos passando pela estação de parição, as vacas estão derrubando
bezerros, e, aproveitando os preços do mercado, é agora que devemos começar a
preparar a safra 2021/2022”.
Hoje, no sistema de produção
brasileiro 2,4% do rebanho é terminado em sistema de confinamento, 1,6% em
sistema de semi-confinamento (sistema que vem crescendo nos últimos anos,
principalmente pelo seu baixo custo de implantação), e 0,4% terminado em
sistema de pastagem de inverno, em razão do clima de algumas regiões do nosso
país, mas, o que realmente chama atenção é que 96% do rebanho é criado em
pastagens tropicais.
“Já que o assunto é Estação
de Monta, o que interessa em um primeiro momento são as fêmeas, e 29% de todo
rebanho é composto por vacas, 13% são novilhas de 1 a 2 anos, e 9% novilhas de
2 a 3 anos. Então vamos falar de 51% do rebanho”, explica Pompei.
Para ter uma pecuária mais
competitiva, aproveitando ainda mais os preços valorizados dos bezerros, é
preciso emprenhar as fêmeas o quanto antes.
De acordo com os dados do Cepea,
Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
da Esalq/USP, os valores dos bezerros no estado de São Paulo, nos
últimos 10 anos subiu na mesma proporção que o do Boi Gordo. Para Pompei existe
muita margem para o pecuarista crescer e se tecnificar, é possível sair de uma
média de prenhez de 65%, 70% que é o índice nacional para medias mais
otimistas, acima de 80%. Para que isso ocorra é preciso investir em
suplementação mineral.
“Hoje o bezerro está muito valorizado,
o que nos cabe então é agregar peso ao bezerro, e para negociar o animal é
preciso ter qualidade. Um exemplo é o aumento das vendas de sêmen, onde somente
no primeiro semestre tivemos um crescimento de 47% nas raças de corte”.
Planejamento
da Estação de Monta
De acordo com Pompei o
pecuarista tem que ter uma atenção especial no planejamento da sua Estação de Monta.
“Planejar o melhor momento para o bezerro nascer, e, o ideal é iniciar a EM no
início da época das águas, um momento mais favorável para que as vacas entrem
em cio, comecem a ciclar e emprenhem, seja dos touros, seja da inseminação
artificial em tempo fixo, ou mesmo através da observação
de cio”.
Uma estação de monta
clássica dura 4 meses, de outubro a janeiro, mas é possível encurtá-la para até
3 meses, isso vai depender do grau de tecnologia aplicada na fazenda. Quando
iniciada no mês de outubro a estação de parição vai ser em agosto, no final da
seca e início do período das chuvas quando o pecuarista tem na propriedade um
alimento de maior qualidade, sendo assim o bezerro vai passar os 7 meses que esta
mamando ao pé da vaca com uma melhor oferta de alimento, e essa vaca terá
melhor condição para produção de leite (o principal alimento para os primeiros
dias da cria), regressão uterina, reestabelecimento hormonal e reconcepção.
“Para produzir bezerro com
qualidade, é preciso observar o cio da vaca, o estado corporal dela, uma vaca
magra, que passou a seca inteira sem ser suplementada com um proteinado por
exemplo, não terá índices altos durante a EM. É aí que entra suplementação
estratégica e o fornecimento de proteinádos no período seco do ano, para que a
vaca termine este período com um bom escore corporal e esteja apta a
emprenhar”.
Relação
entre nutrição e desempenho reprodutivo
“Dr. Lee Russel McDowell,
uma das maiores autoridades em Nutrição Animal no mundo, sempre falou que muitos
pecuaristas achavam que suas vacas não emprenhavam por “má sorte”, mas não é
nada disso, se trata apenas de má nutrição. Então é preciso ter olho clínico para
observar qual a condição corporal do animal, ou se está descartando muita
genética, e infelizmente isso ocorre com frequência, pela má nutrição, porque as
vacas não têm condição corporal para ciclar”.
De acordo com Pompei somente
quando a vaca tem as suas reservas nutricionais é que ela vai apresentar cio,
vai emprenhar e desenvolver um novo feto, uma nova gestação. Na escolha do suplemento mineral é preciso observar a formulação como um todo, tendo em mente que os macros e os micros minerais são fundamentais para
a fertilidade e qualidade de sêmen.
O sistema imunológico está
diretamente ligado à nutrição. Quando o animal
passa por algum estresse, “e nada é mais estressante para uma vaca que a
estação de monta”, isso afeta o sistema imunológico e deixa os animais vulneráveis
a alguns patógenos secundários. Por isso a boa mineralização influencia não
somente no aparecimento de cio, mas também na defesa do organismo desses
animais e na qualidade dos bezerros que vão nascer, pontua.
“O mesmo cuidado deve-se ter
com o sêmen dos touros, esta categoria deve ser mineralizada com produtos
específicos para reprodução. O sêmen é produzido no testículo, mas é amadurecido
na cabeça, corpo e cauda do epidídimo, e é neste momento que se exige uma grande
demanda de selênio e de vitamina E, para amadurecimento das células
espermáticas. Esta categoria precisa de produtos
específicos como os de cria, específicos para reprodução até porque o sêmen de
hoje foi produzido há 72 dias atrás, por isso a má nutrição de ontem, traz sim
consequências para o hoje e o amanhã.
As
novilhas na EM
Dentro das estratégias de
uma EM, devemos iniciar com as novilhas, pois quando se tornarem primíparas
elas vão precisar de um tempo maior para se
recuperar e entrar em cio novamente, uma vez que estarão passando pelo primeiro
stress do parto, lactação e ainda em fase de crescimento, o que vai demandar níveis
mais elevados de nutrientes. Quando atingirem
cerca de 70% do peso de um animal adulto de sua raça e tiverem apresentado pelo
menos 2 cios elas vão estar prontas para iniciar a EM. “Uma coisa é o peso e a
outra é a maturidade sexual, não se pode criar as fêmeas apenas para engordar,
não se pode fornecer ração de boi, proteinado, produtos de engorda para as
novilhas ganharem peso se elas não tiverem um bom amadurecimento sexual”,
ressalta Pompei.
“A Matsuda tem no mercado há
alguns anos o programa Desempenho Máximo que busca que a novilha derrube seu
primeiro bezerro aos 25 meses de idade, e para isso ela tem que emprenhar aos
16 meses e desmamar o bezerro com pelo menos 50%
de seu peso. É isso que busca o programa, produzir mais quilos de bezerros desmamados
na propriedade por vaca ano”.
Cuidados
com os touros
Dentro do sistema de monta
tradicional, um touro é responsável por cobrir pelo menos 25 vacas, ou seja, enquanto
1 vaca nos dá 1 bezerro por ano o touro dá em média 25, então é fundamental
cuidar da mineralização deste animal durante o ano todo.
O Touro que está dentro de
uma Central precisa ter qualidade e vigor de sêmen, para quando esta dose de
sêmen for ser utilizada a campo ela traga um bom índice de prenhez. Existem
touros de centrais que apresentam problemas de congelamento por conta da má
mineralização. Muitas centrais utilizam o Matsuda Fós Reprodução e o Matsuda
Fós Reprodução Embryo porque têm uma concentração mais elevada de macro e micro
minerais, justamente para que esses animais tenham reservas nutricionais.
Foco
na nutrição fetal
“A nutrição não tem a capacidade
de influenciar o melhoramento genético, porém pode penalizá-lo, se o touro passar
fome dentro do útero da mãe, ou, se o sêmen desse touro for implantado numa
vaca e o bezerro dessa vaca passar fome dentro do útero, esta má nutrição passa
a contribuir de forma negativa, porque você não forneceu o que a vaca
precisava, não forneceu o que esses animais precisavam, para que pudessem demonstrar
todo seu potencial genético. A nutrição permite que os animais demonstrem o seu
potencial genético, e se não tem nutrição, automaticamente não tem como demonstrar,
por isso, a gente ainda descarta muita genética, por má nutrição”, avalia.
O
que mais influência nos índices?
De acordo com Julliano Pompei
a estação de monta deve estar planejada no mínimo 3 meses antes do seu início, ainda
na época seca, e alguns cuidados são fundamentais, como por exemplo o cocho que
é “o prato do boi”, ele deve estar bem localizado, ter metragem correta, acesso
pelos dois lados, e ser preferencialmente coberto, além de ser abastecido
periodicamente e estar perto da fonte de água.
“Dentro da EM não existe o
que é mais importante, é uma somatória, não adianta comprar o melhor sêmen se a
sua vaca não dá cio, não adianta ofertar o melhor pasto se você não tem
suplemento mineral de qualidade, não adianta você fornecer Matsuda Fós
Reprodução se você não tem pasto, é um conjunto de fatores, buscando ali o
mesmo objetivo”, finaliza.
Julliano Percinoto Pompei.
Médico Veterinário - Msc.
Mestre em Produção e Nutrição Animal.
Coordenador Técnico - Bovinos de
Corte do Grupo Matsuda.
INSTITUCIONAL
SEGMENTOS