Publicado em: terça-feira, 20 de agosto de 2024

Os produtores rurais brasileiros mostram diariamente sua competência na produção de alimentos e na preservação ambiental. Com a eficiência da nossa agropecuária, o Brasil colhe sucessivos bons resultados na economia.

No Brasil, as pastagens constituem a principal e a mais barata fonte de alimentação dos rebanhos. Entretanto, por questões climáticas, durante a seca, as pastagens não garantem, em quantidade e qualidade, o alimento volumoso necessitado pelos animais neste período.

Segundo especialistas, dos 173 milhões de hectares de pastagens existentes no Brasil, a maioria tropicais, cerca de 80% apresentam algum nível de degradação.

“Degradação das pastagens é um processo evolutivo da perda do vigor, de produtividade, da capacidade de recuperação natural das pastagens para sustentar os níveis de produção e a qualidade exigida pelos animais, bem como o de superar os efeitos nocivos de pragas, doenças e invasoras, culminando com a degradação avançada dos recursos naturais em razão dos manejos inadequados”. (Macedo e Zimmer, 1993).

O sucesso na formação/reforma de uma pastagem, depende do conhecimento, planejamento e projeção das atividades.

Alguns critérios devem ser levados em consideração para garantir sucesso na atividade, como:

1 – Escolha das espécies forrageiras: no momento de escolher a espécie forrageira, é importante ter um bom conhecimento de todos os fatores intrínsecos e extrínsecos, como a topografia, textura do solo, fertilidade do solo, grau de drenagem, espécie e categoria animal.

Quando a topografia é plana ou ondulada, todas as espécies podem ser utilizadas sem restrições. Para solos com topografia mais acidentada, utilizar espécies que apresentem boas coberturas do solo, preferencialmente as estoloníferas. Como a brachiaria humidícola, brachiaria dictyoneura e a brachiaria decumbens.

Para solos arenosos ou de textura mistas, todas são indicadas, tomando os devidos cuidados na incorporação das sementes e fertilidade. Para solos com texturas mais argilosa, preferencialmente as espécies com sistema radicular mais vigorosas como Marandú, MG-5 e os panicuns. Nestes tipos de solo que apresentam fertilidade natural mais elevada, podem utilizar espécies forrageiras mais produtivos.

As espécies forrageiras podem ser classificadas em seu grau de fertilidade do solo, como de baixa exigência (Humidícola, Llanero, Decumbens, Andropogon e leguminosas), as de média exigência (Marandú, MG-4, MG-5, Braúna, Piatã e o Mix Cerradão) e as de alta fertilidade (Paredão, Mombaça, Tanzânia, Áries II, Massai, Aruana).

Em solos onde a drenagem é mais deficiente, ou seja, demora mais a sua drenagem, as espécies forrageiras com maior tolerância são Humidícola, Tijuca e quando solo apresentar a drenagem mais lenta as espécies forrageiras como MG-5, Piatã e a Dictyoneura (Llanero) quando for por pouco tempo. Para as espécies e categoria animais são recomendadas conforme as suas exigências, porte e palatabilidade, sempre observar a utilização de sal mineral conforme a sua categoria.

2 – Adubação e calagem: promover as correções do solo necessárias é muito importante no momento da reforma da pastagem.

Importante fazer uma análise química e física do solo, para uma recomendação. A calagem deve ser feita com antecedência à adubação e incorporar ao solo no momento do preparo do solo. A adubação correta, aquela que é realizada no momento da reforma da pastagem tem uma grande importância para um bom estabelecimento da forrageira escolhida e a adubação de manutenção deve ser feita conforme a falta de nutrientes no solo e fazer a sua reposição.

Lembrando que sempre é bom um acompanhamento de um engenheiro agrônomo para fazer essas recomendações.

3 – Preparo do solo: o preparo do solo deve ser feito com os mesmos cuidados realizados na instalação de uma cultura de soja, milho, algodão, etc.

O preparo do solo deve constituir de duas mãos de grade, sendo a primeira com grade aradora, que tem a finalidade de revolver o solo, descompactar camadas superficiais e destruir material vegetal presente no solo. A grade intermediária é para promover a quebra dos torrões e desfazer os sulcos formados pela primeira gradagem. A grade niveladora deve ser utilizada para nivelar o terreno e destruir os torrões menores. Como também promoverá um bom controle das plantas germinadas, reduzindo a competição destas plantas com a forrageira a ser instalada.

4 – Taxa de semeadura: para cada condição de plantio, existe uma recomendação de semeadura. A taxa também difere por espécie.

A taxa de semeadura é baseada em três condições de plantio.

A condição ótima, onde a área tem boas condições de fertilidade do solo ou corrigida, sem competição por plantas daninhas ou por outra cultura, dentro da época ideal, nivelado. Onde nestas condições poderemos utilizar uma menor quantidade de sementes, pois poucos fatores locais irão interferir na sua germinação, emergência e estabelecimento da pastagem.

A condição média, trata-se de uma reforma de pasto, utilizando a mesma espécie, bom preparo do solo, com semeadura à lanço e semeadeira em bom estado de conservação e a semeadura dentro da época recomendada. Torna-se uma quantidade maior de sementes, pois existem alguns fatores que podem prejudicar o estabelecimento do pasto.

A condição adversa, trata-se de plantio muito no início da época de semeadura, em decorrência da chuva ou do preparo do solo ou a semeadura fica prejudicada, devido às condições de drenagem do solo, substituição de espécie, alta infestação de plantas daninhas, áreas de formação nova, topografia, textura do solo, nestas condições requer uma quantidade significativo de sementes a ser empregada para garantir um bom stand de plantas e uma cobertura mais rápida do solo.

5 – Semeadura: são vários os métodos e os implementos utilizados na semeadura. Para cada situação uma recomendação.

Os tipos de semeadura mais empregados são: 1 – Semeadura manual: à lanço e com matraca; 2 – Semeadura mecanizada: à lanço, em linha e aéreo. Importante que os equipamentos estejam em bom estado de conservação e em condições de realizar um bom trabalho para que não ocorre desperdício de sementes sobre o solo. 6 – Incorporação: esta etapa muitas vezes desprezada, mais que faz uma grande diferença numa reforma de pastagem. A profundidade das sementes interfere muito no estabelecimento, e a incorporação sendo realizada faz com que as sementes fiquem na profundidade ideal para a sua germinação.

Os implementos recomendados para a incorporação das sementes, quando é utilizado plantio à lanço:

  • Grade niveladora fechada: utilizada em solos de textura mista a argilosa.
  • Rolo compactador: utilizado em solos arenosos, onde a grade, mesmo totalmente fechada, pode promover a incorporação mais profundas.

Observando o que foi escrito acima, devemos sempre preocupar com a qualidade das sementes adquiridas. Porque não adianta preparar o solo, adubar e não utilizar sementes de empresas de procedência e que tenham tecnologias associados nas mesmas.

Escrito por:
Eng. Agr. Marcos Póvoas Jucá

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