Além da diminuição dos valores nutricionais, também temos a diminuição na intensidade da rebrota dos pastos, ou seja, quando pensamos em Brachiaria, temos 70% da sua produção ainda no período das águas e apenas 30% no período seco do ano, já no caso dos Panicuns, esta proporção se divide em até 80% nas águas e 20% na seca. Isso ocorre por conta da sazonalidade de suas produções, fator este que é influenciado diretamente pelo foto-período, onde temos um menor volume de chuvas, diminuição da temperatura e luminosidade, fatores estes que somados, reduzem a disponibilidade de massa (capim) aos animais, assim como sua digestibilidade, dentro neste período.
Um fator indispensável dentro do planejamento é ajustar a lotação dos pastos, pois os animais não podem diminuir a ingestão de forragem, caso isso aconteça, a perda de peso é inevitável, e em consequência a queda na produtividade geral da fazenda.
Após a devida atenção na taxa de lotação, a variação sobre os níveis nutricionais do capim, passa ser de suma importância, pois este fator é o que vai passar a limitar a criação dos animais à pasto, uma vez que neste período os níveis de minerais, proteína e energia, diminuem gradativamente, ficando abaixo do mínimo exigido para a manutenção corpórea do gado, acarretando, por consequência a diminuição da ingestão de capim, pois, com esta restrição nos valores nutricionais, a atividade da microbiota ruminal cai sensivelmente. Esta diminuição da população microbiana ruminal, afeta a capacidade do rúmen em fermentar e digerir a forragem, comprometendo o tempo de passagem, e o alimento acaba ficando por mais tempo no rúmen.
Também conhecido como Proteína, o nitrogênio é o principal nutriente, que passará a limitar a criação de ruminantes à pasto, e deve ser corrigido através do uso de Suplementos Minerais Proteinados, que tem como objetivo compensar a diminuição deste nutriente, e ainda garantir níveis adequados de macro e micro minerais, os quais, neste mesmo período podem diminuir em até 80% as suas concentrações no pasto.
Com isso, iremos estimular a multiplicação dos microrganismos ruminais e assim aumentar a digestão das forragens, mesmo de baixa qualidade, e como consequência o maior consumo pelos animais.
Para se utilizar os Suplementos Minerais Proteinados, e assim extrair o máximo de resultado por parte dos animais, devemos garantir que estes tenham uma boa oferta de pasto, mesmo que seco e com baixa qualidade, para assim, colher os efeitos proporcionados pelos produtos.
O pecuarista precisa ficar atento quanto a categoria animal que será suplementada, pois além de proteína, os Suplementos Proteinados também vão garantir a mineralização destes animais, e os níveis de minerais irão variar de acordo com cada produto, lembrando, que a categoria mais exigente que nós temos são as fêmeas em idade reprodutiva, onde ao final do período seco irão estar parindo e logo em seguida iniciando uma nova estação de monta, as quais para isso devem estar em excelentes condições nutricionais.
Um outro ponto importante é o cocho, este, deve respeitar a metragem linear exigida para cada produto e ser reabastecido com frequência, de modo que os animais não fiquem sem acesso aos Suplementos Minerais, e sempre que possível, serem cobertos, evitando perdas com chuvas esporádicas.
Então sim, é possível ganhar peso na seca, desde que se faça um bom planejamento nutricional, seguindo as orientações de um profissional da área, pois, o objetivo é que estes animais suplementados com minerais, proteína e energia, mantenham suas produtividades, mesmo com ganhos mais tímida durante este período de seca, mas, que continuem a ganhar, seja em peso corpóreo, ou em qualquer outro índice zootécnico da propriedade, como no desenvolvimento fetal por exemplo.
Julliano Pompei, é médico veterinário, formado pela Unoeste, Universidade do Oeste Paulista. É coordenador técnico do Departamento de Nutrição Animal na matriz do Grupo Matsuda e Mestre em Ciência Animal pela UEL - Universidade Estadual de Londrina.
